O Fundo Monetário Internacional (FMI) divulgou recentemente uma melhora na previsão de crescimento do Brasil para este ano. No entanto, o organismo alertou que o país precisa avançar em sua agenda de reformas e intensificar o esforço fiscal para reduzir a dívida, que seguirá crescendo nos próximos anos.
Em entrevista exclusiva ao Estadão/Broadcast durante as reuniões de Primavera em Washington DC, o diretor do Hemisfério Ocidental do FMI, Rodrigo Valdés, afirmou que é importante manter a mentalidade de reformas para aumentar o crescimento potencial e produzir receitas fiscais para suprir as necessidades do País. Valdés ainda ressaltou a necessidade de previsibilidade para os investimentos e negócios.
O impacto das tensões geopolíticas em países emergentes
O FMI alertou para o risco de condições financeiras mais apertadas devido à escalada das tensões geopolíticas, o que pode afetar os países emergentes e seus ativos. No entanto, Valdés afirmou que a região está mais preparada para enfrentar diferentes choques. Ele ainda destacou a importância dos países reconstruírem seus colchões fiscais para lidar com os últimos choques já enfrentados.
A recomendação fiscal para o Brasil
O FMI piorou suas projeções fiscais para o Brasil e não vê superávit primário até o fim do governo atual. Valdés afirmou que é importante identificar medidas precisas para chegar a uma solução para o problema e recomendou um esforço fiscal mais sustentado para colocar a dívida na trajetória descendente, enfrentando a realidade sem ilusões. Ele alertou também para o problema das chamadas "pautas-bomba" no Congresso que podem comprometer os esforços do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, na tentativa de ajustar as contas públicas.
Desafios para o crescimento do Brasil
O Brasil vem se comportando um pouco melhor em relação às expectativas em comparação com o resto dos países da América Latina, que estão tendo mais dificuldades para aumentar o crescimento. No entanto, ainda há vários problemas na região que desafiam a melhora do crescimento, como a aplicação de recursos, medidas que facilitem a atração de investimentos, etc. Valdés afirmou que a região precisa reconhecer que a dinâmica do trabalho, a demografia e o envelhecimento são novos tópicos que precisam ser analisados com cuidado. Além disso, é importante reconhecer a necessidade de mais previsibilidade para os investimentos e negócios.
A necessidade de reformas estruturais
O diretor do Hemisfério Ocidental do FMI destacou que as reformas estruturais podem ter um grande impacto no potencial de crescimento do país. Ele ressaltou que o Brasil fez um trabalho muito bom na identificação das reformas e que a mentalidade de reformas é importante para produzir receitas fiscais para suprir as necessidades do país. Valdés ainda mencionou que a segurança é uma das maiores preocupações das pessoas e que a questão precisa ser analisada com cuidado. Ele ainda destacou que a participação das mulheres na economia vem melhorando, mas pode ser ampliada.
Ao final, Valdés reconheceu que o crescimento do Brasil está desacelerando, mas ainda tem mais por vir. Ele alertou para a necessidade de manter a mentalidade de reformas para aumentar o crescimento potencial e produzir receitas fiscais para suprir as necessidades do país. Ele ainda aproveitou para mencionar a importância de olhar para o longo prazo e as experiências anteriores ao enfrentar os desafios do futuro.
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