Estima-se que o óleo e o gás ainda representarão em 2050 cerca de 1/3 da matriz energética global. Mesmo no cenário mais agressivo – e improvável – de descarbonização, os combustíveis fósseis ainda responderiam por 15% dessa matriz. A Empresa de Pesquisa Energética alerta que, se o Brasil deixar de explorar suas reservas potenciais, pode perder R$ 5 trilhões entre 2031 e 2050.

A transição energética de combustíveis fósseis para renováveis é irreversível. Há, e deve haver, debates acalorados sobre os custos e benefícios sociais e ambientais de uma maior ou menor aceleração desse processo, mas a transição em si é um consenso da comunidade internacional.

“Transição”, por definição, não é “ruptura”, e combina mal com imediatismos. Os fósseis podem ser letais a longo prazo, mas são vitais no curto prazo. O petróleo ainda responde por mais da metade da energia produzida no mundo e é a fonte mais barata e confiável. Gastar menos dinheiro com energia significa ter mais dinheiro para investir em desenvolvimento social e, também, ambiental, incluindo em pesquisa e desenvolvimento de energias limpas que sejam tão baratas, eficientes e acessíveis quanto as fósseis. Hoje elas não são.

Por que a transição é irreversível?

Uma das principais razões pelas quais a transição energética de combustíveis fósseis para renováveis é irreversível é o impacto ambiental causado pelos fósseis. O setor de energia é responsável por uma grande parte das emissões de carbono no mundo, contribuindo para o aumento do aquecimento global e das mudanças climáticas. Além disso, a dependência dos fósseis torna os países mais vulneráveis a flutuações nos preços internacionais do petróleo e gás.

Quais são as vantagens do Brasil na transição energética?

O Brasil possui vantagens significativas na transição energética. Com 48% de sua matriz energética ligada a fontes renováveis, o país está à frente da média mundial, que é de 15%. Além disso, o Brasil possui vastas áreas com acesso a recursos naturais como água, vento, luz solar, biomassa e metais essenciais para a transição energética. Isso coloca o país em uma posição privilegiada para se tornar um exportador de hidrogênio verde e desenvolver alternativas de biocombustíveis, aproveitando sua expertise com o etanol.

Exploração de petróleo na Margem Equatorial e os desafios ambientais

A possibilidade de exploração das bacias sedimentares da Margem Equatorial é incerta e sensível devido à sua proximidade com a Amazônia. No entanto, é importante realizar um debate equilibrado sobre a exploração responsável dessas reservas, minimizando os riscos ambientais e otimizando as receitas. A ideologia não deve poluir o debate, mas sim buscar soluções que levem em consideração tanto a proteção do meio ambiente quanto o desenvolvimento econômico e social do Brasil.

A redução voluntária da demanda por combustíveis fósseis

Uma redução significativa dos combustíveis fósseis não ocorrerá apenas por restrições à oferta, mas sim por uma redução voluntária da demanda. Interromper toda a produção petrolífera no Brasil não alteraria a demanda global por petróleo. Pelo contrário, o país se tornaria mais dependente de fontes externas, aumentando as emissões de carbono. Portanto, é necessário buscar maneiras de reduzir a demanda por energia de forma consciente e planejada.

No entanto, é importante destacar que o desenvolvimento social e a redução das desigualdades também dependem dos recursos gerados pela indústria dos combustíveis fósseis. Com políticas públicas bem definidas, os combustíveis fósseis podem impulsionar o desenvolvimento social e ambiental do Brasil. Não há contradição em utilizar os fósseis para acelerar a transição rumo a uma matriz energética verde e uma sociedade próspera.

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