A hora de Vini Jr contra a Espanha Amistoso marcado pela luta contra o racismo

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“Uma só pele, uma só identidade”. Este é o lema da campanha antirracismo que será colocada em prática no amistoso entre Espanha e Brasil, marcado para as 17h30 (horário de Brasília) de terça-feira, no Santiago Bernabéu, onde o astro da seleção Vinícius Júnior está muito acostumado a jogar, mas com a camisa do Real Madrid, dono do estádio. Mesmo antes de a partida começar, é possível afirmar com segurança que o atacante será o protagonista do dia, até porque está diretamente envolvido na questão social que envolve o duelo.

Possível adversidade para Vinícius Júnior na luta contra o racismo

Os inúmeros ataques racistas sofridos por Vini Jr em solo espanhol motivaram a CBF a se unir à Real Federação Espanhola de Futebol (RFEF) para realizar um amistoso voltado à luta contra o racismo. A figura do jogador do Real Madrid será utilizada como símbolo da campanha, em ações que vão desde a colocação de cartazes em várias partes do estádio e áreas técnicas, até os painéis de entrevistas.

O papel da Espanha no combate ao racismo no esporte

A seleção brasileira fez um amistoso com Guiné, em junho do ano passado, também na Espanha, mas em Barcelona, no estádio do Espanyol. Vini jogou e marcou o quarto gol da goleada por 4 a 1. Na ocasião, o Brasil vestiu um uniforme todo preto pela primeira vez em 109 anos de história e lançou a campanha “Com racismo não tem jogo”. Tudo isso foi feito após uma consulta a Vini, em razão do jogo ser numa cidade espanhola. Não houve registro de ataques contra ele.

Impacto do ambiente do Real Madrid no tratamento a Vinícius Júnior

Desta vez, a diferença é que do outro lado do campo estará a Espanha, o que deve atrair mais torcedores locais ao Santiago Bernabéu. Conforme apurado pelo Estadão, contudo, a CBF e demais organizadores não demonstram tanta preocupação com possíveis ataques contra Vinícius Júnior por entenderem que o estádio do Real Madrid é “a casa” do jogador. A expectativa é de que o espírito seja o extremo oposto.

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Impacto das ações anti-racismo de Vinícius Jr no futebol

No dia da partida citada por Gaya, a força dos cânticos racistas era tanta que o sistema de áudio do estádio chegou a pedir para os torcedores locais pararem. Foi depois deste duelo, vencido por 1 a 0 pelo Valencia, que o camisa 7 do Real Madrid endureceu o tom e passou a ser mais combativo, até porque já havia passado por muitas situações parecidas. 'Lamento pelos espanhóis que não concordam, mas hoje, no Brasil, a Espanha é conhecida como um país de racistas', chegou a dizer. A partir daí, começou a ter mais apoio da LaLiga, embora tenha enfrentado resistência em um primeiro momento.

Combate ao racismo no esporte em âmbito internacional

Desde então, Vini Jr passou a ser visto como uma referência mundial na luta contra o racismo dentro do esporte, o que não impediu que continuasse sendo vítima, como foi há cerca de uma semana. Torcedores do Atlético de Madrid o chamaram de chimpanzé, como é possível ver em vídeo gravado na parte de fora do Estádio Metropolitano, antes de uma partida que sequer envolvia o Real, contra a Inter de Milão.

Esperanças para um futuro mais igualitário e inclusivo

Em sua luta, Vinícius cruzou o caminho de outros esportistas que se tornaram símbolos no combate ao racismo. É o caso de Colin Kaepernick, ex-jogador de futebol americano que se ajoelhou durante o hino dos Estados Unidos, em 2016, para protestar contra a violência policial contra negros. Muito criticado, ele foi acusado de desrespeitar a nação americana, não encontrou um time para jogar em 2017 e nunca mais voltou à NFL. Juntos, Vini e Kaepernick protagonizaram um campanha da Organização das Nações Unidas (ONU) contra o racismo, lançada nesta quinta-feira, 21, Dia Internacional de Luta pela Eliminação da Discriminação Racial.

Um amistoso de futebol pode ser realmente útil na luta contra o racismo?

Levando a luta contra o racismo para as arquibancadas e além delas

Lemas e campanhas contra o racismo não são novidade no futebol, e casos do tipo continuam ocorrendo. É fácil lembrar do “Somos todos macacos”, campanha polêmica criada pelo estafe de Neymar na época em que o lateral Daniel Alves ironizou ato racista ao comer uma banana atirada no gramado, em 2014, enquanto defendia o Barcelona contra o Villarreal. Neste caso, houve críticas à frase em si, e a ação foi interpretada como comercialização e banalização da causa.

O papel do futebol na conscientização e posição contra o racismo

Marcelo Carvalho, diretor executivo do Observatório da Discriminação Racial no Futebol, vê as ações do jogo desta terça-feira como uma oportunidade de “marcar território”. “Muitas vezes eu vejo as pessoas cobrando posicionamento da CBF, dos jogadores. Então, um jogo desse é na verdade um posicionamento. É marcar a posição dizendo: ‘olha nós queremos falar ou estamos falando sobre racismo’”, afirma.

União na resistência contra a discriminação no esporte

Uma sequência de eventos e o racismo constante contra Vini Jr foram os motivadores da tentativa de tentar usar o futebol para passar uma mensagem. O atacante já tem feito isso e foi a postura dele que permitiu construir algo de maior proporção. Marcelo Carvalho defende que o fato de o jogador ter trazido grandes instituições, como CBF e RFEF, para o seu lado leva segurança a outros jogadores que desejam se manifestar.

Impacto positivo de jogadores como Vinícius Júnior no combate ao racismo

“A partir do momento que um jogador de futebol está dentro da seleção brasileira, dentro daquele ambiente e sente que aquele ambiente protege ele e permite ele se expressar, com certeza nós vamos ter outros jogadores se posicionado. Por isso que eu digo que é importante a CBF marcar posição, porque, querendo ou não, está estimulando que outros jogadores também falem, além de Vini Júnior, além do Richarlison”, afirma, citando o atacante do Tottenham, também conhecido por se posicionar sobre questões políticas e sociais.

Continuação da luta por igualdade e respeito no esporte e além dele

Há também o caso do atacante Paulinho, do Atlético-MG que foi vítima de intolerância religiosa. Ele costuma comemorar gols fazendo o gesto que simboliza a flecha de Oxóssi, orixá que presente tanto nas crenças do Candomblé quanto da Umbanda, duas religiões afro-brasileiras. Ao ser convocado na última data Fifa de 2023, celebrou “Nunca foi sorte, sempre foi Exú” e recebeu uma enxurrada de comentários preconceituosos após fazer sua estreia pela seleção principal em derrota por 2 a 1 para a Colômbia. “Nossa luta é diária... Seguimos. Gratidão aos orixás”, respondeu.

Conclusão e incentivo à continuidade da luta pelo respeito e igualdade

“Daniel Alves comeu a banana e muita gente disse ‘ele venceu o racismo’. ‘Porque o Fulano fez um gol e calou os racistas.’ Mas para o racista, ele não calou. No fundo ele comeu banana e para o racista não mudou nada. Agora, um cara se manifestando, você tendo o olhar do mundo inteiro direcionado à Espanha por conta do Vinícius Junior, isso sim mexe com racismo”, conclui Marcelo Carvalho.


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