O hidrogênio já está sendo utilizado como catalisador de motores à combustão, trazendo economia e redução da poluição atmosférica. Uma nova tecnologia está em desenvolvimento pela Ocyan e a startup brasileira LZ Energia, com o aporte financeiro da Shell, para utilizar o gás hidrogênio em navios. Trata-se de um equipamento de injeção direta do gás hidrogênio na admissão de ar dos motores marítimos, aumentando a eficiência da combustão interna. Os resultados esperados indicam uma redução de até 10% no consumo de diesel marítimo e das emissões de gás carbônico, além de uma redução de até 30% de outros gases poluentes, como metano e monóxido de carbono.
Como a tecnologia funciona?
A tecnologia funciona com a eletrólise de volumes de água, gerando hidrogênio a bordo, em paralelo à injeção do gás, por meio da separação do hidrogênio do oxigênio da molécula por meio de energia elétrica, evitando riscos relacionados ao transporte do hidrogênio, considerado instável. A energia para a eletrólise vem do próprio alternador e a água é de uso da própria embarcação, passando por um processo de purificação. Por enquanto, o sistema tem o tamanho aproximado de três refrigeradores.
Por que a tecnologia é uma vantagem?
De acordo com Rosane Zagatti, gerente de Tecnologia da Shell Brasil, uma das principais vantagens da tecnologia é que ela não requer alterações nos motores e pode ser instalada em barcos já existentes. Além disso, o H2R, sigla de "hidrogênio para redução", recebeu uma aprovação da certificadora norueguesa DNV, especializada em indústria offshore, atestando a efetividade da tecnologia.
Quais serão as próximas etapas para a tecnologia?
Os planos são de que o equipamento seja aperfeiçoado até o início de testes em plataformas offshore em meados de 2026 e a comercialização efetiva da máquina é esperada para o segundo trimestre de 2027. As empresas envolvidas no desenvolvimento da tecnologia têm interesse em aplicá-la em navios-plataforma de posicionamento dinâmico, cuja operação é intensiva em consumo de diesel. Caso a tecnologia seja aplicada em motores de sondas e navios-tanque, espera-se um efeito relevante na redução de custos e emissões de carbono do setor.
Como está o cenário geral do setor de tecnologia de baixo carbono?
A Shell tem investido cerca de R$ 500 milhões por ano em mais de 100 projetos de tecnologias de baixo carbono nos últimos cinco anos, desenvolvidos dentro de universidades ou por startups como a LZ Energia. Este projeto específico recebeu o apoio financeiro da cláusula de Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação (PD&I) da Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Combustível (ANP), que obriga as petroleiras a investirem 1% de sua receita bruta nesta área. A Ocyan e a LZ Energia terão a propriedade intelectual da tecnologia, enquanto a Shell receberá royalties por vendas futuras e facilidades para a instalação na sua própria frota, em função dos R$ 17,7 milhões investidos através desta cláusula.
Conclusão
A utilização do hidrogênio como catalisador de motores marítimos é uma tecnologia promissora que visa a reduzir o consumo de diesel marítimo e combater as emissões de gases poluentes, como gás carbônico, metano e monóxido de carbono. A tecnologia H2R é um exemplo do avanço da pesquisa em tecnologias de baixo carbono e deve contribuir para a redução do impacto ambiental do setor de transporte marítimo e para a transição energética global. É importante destacar que a adoção de tecnologias limpas exige o envolvimento de todos os atores da cadeia produtiva e a criação de políticas públicas voltadas para o incentivo da adoção de tecnologias de baixo carbono.
Este artigo foi produzido em parceria com a plataforma de educação em energia e meio ambiente EDP University Challenge
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