Os ministros do Supremo Tribunal Federal estarão de olho no ato que será promovido pelo ex-presidente Jair Bolsonaro neste domingo, em Copacabana, no Rio de Janeiro. Dessa vez, no entanto, a expectativa é de que ele não se concentre em ataques à corte ou nos episódios do último dia 8 de janeiro.

É esperado que Bolsonaro destaque a ameaça de que o país “está próximo de se tornar uma ditadura” e convide seus seguidores a tomar as ruas em defesa da democracia. No entanto, assim como no evento da Avenida Paulista, Bolsonaro fez um pedido aos seus apoiadores para que não levem faixas e cartazes com críticas aos ministros do STF.

O pastor Silas Malafaia, um dos organizadores da manifestação, postou um vídeo de Bolsonaro no X (antigo twitter), em que ele reafirma que será um ato pacífico em defesa da democracia, sem cartazes e sem faixas. “Vamos lá, fazer essa manifestação que, novamente, servirá para uma fotografia para o mundo e para nós discutirmos aí, realmente, o nosso Estado democrático de direito’, afirmou na gravação.

A orla de Copacabana se tornou o território da base bolsonarista desde o governo do ex-capitão da reserva. Bolsonaro promoveu praticamente todos os seus atos públicos ali, inclusive tentando transferir a parada militar de 7 de setembro da Avenida Getúlio Vargas, local onde acontece tradicionalmente todos os anos, para a praia. No fim, não deu certo e o Rio ficou sem o desfile.

Bolsonaro tem novo alvo político: Elon Musk e ministro Alexandre de Moraes

Embora não deixe de lado a defesa em causa própria sobre a suposta tentativa de golpe frustrada e nem os pedidos de anistia para os vândalos que invadiram as sedes dos Três Poderes, Bolsonaro vai destacar as críticas do empresário Elon Musk ao ministro do STF Alexandre de Moraes. Musk acusa Moraes de censurar publicações e defendeu o impeachment do ministro, prometendo que publicaria em breve ordens de Moraes que, segundo ele, violam as leis brasileiras. Em outra bravata, disse que descumpriria as ordens judiciais brasileiras.

Por fim, Musk conseguiu um relatório produzido por uma comissão parlamentar nos Estados Unidos, intitulado “O ataque contra a liberdade de expressão no exterior e o silêncio da administração Biden: o caso do Brasil”. A comissão é presidida pelo republicano Jim Jordan, muito ligado ao ex-presidente Donald Trump.

Em nota divulgada nesta quinta, a assessoria de imprensa do STF afirmou que os documentos reproduzidos no relatório da comissão parlamentar norte-americana não se tratam “das decisões fundamentadas que determinaram a retirada de conteúdos ou perfis, mas sim dos ofícios enviados às plataformas para cumprimento da decisão”.

O governador do Rio de Janeiro, Cláudio Castro (PL), confirmou sua presença no ato marcado por Bolsonaro na praia de Copacabana. Ele indicou que usará o evento para criticar a ação da Procuradoria Regional Eleitoral que pede a cassação de seu mandato. Os dois processos contra Castro e seus aliados estão na fase final de tramitação no Tribunal Regional Eleitoral do Rio de Janeiro (TRE-RJ), o acusando de abuso de poder político e econômico em sua campanha à reeleição ao governo do estado, em 2022.

O que podemos esperar desse evento?

A expectativa é de que o evento transcorra de forma pacífica, sem a presença de ataques aos ministros do STF e com pouca representatividade política, já que muitos líderes de partidos e personalidades políticas evitaram participar do evento em São Paulo em fevereiro. Bolsonaro deve reiterar seu apoio a eleitores e àqueles que o apoiam, especialmente após as recentes investigações de corrupção e os constantes atritos entre Bolsonaro e o Supremo Tribunal Federal.

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